Francis Baiardi, diretora da cia.
Contém Dança, e o músico Eliberto Barroncas foram convidados para participar do
novo espetáculo de Patrick Servius
Manaus (AM), 28 de Março de 2015
ROSIEL MENDONÇA
Desenvolver uma “palavra universal” a
partir do encontro de três artistas de diferentes identidades é o que o
coreógrafo francês Patrick Servius ambiciona com seu próximo trabalho. Batizado
de “Rizomas”, o espetáculo de dança contemporânea vai reunir as bailarinas
Francis Baiardi, diretora da Contém Dança, de Manaus; Mariyya Evrard, nascida
em Madagascar e radicada na ilha francesa de La Réunion, na África; e Agnès
Pancrassin, parisiense com origens no Vietnã. A trilha sonora será do músico
amazonense Eliberto Barroncas, do Raízes Caboclas, capoeirista e artífice de
instrumentos.
A previsão é que o trabalho estreie
no primeiro semestre de 2016, em Marselha, sede da companhia de Servius, a Le
Rêve de la Soie. De passagem pelo Amazonas para participar de um ateliê de
criação com a Contém, ele explicou que “Rizomas” dá sequência à sua pesquisa
sobre identidades e como elas se expressam na dança.
“Identidade é o que as pessoas
carregam consigo, é o resultado de uma história. A ideia de rizoma remete ao
jeito particular de uma raiz se relacionar com outras raízes. Então, na
verdade, esse trabalho é uma maneira de falar de como essas bailarinas vão
mudar a partir do contato com as outras e como as ideias vão viajar entre
elas”, explica ele, que em 2013 participou de outro intercâmbio com a Contém
Dança, em Manaus e Marselha, para a produção do espetáculo “Presenças”.
CAMINHOS
Segundo o coreógrafo, interessa a ele
que os bailarinos entrem no palco menos como intérpretes de movimentos e mais
como seres humanos. “A dança que vai sair é o resultado, não o objetivo. O
objetivo é escutar dentro de você mesmo. Depois vem a prática do bailarino”,
acrescenta. “Quero trabalhar com pessoas que não se preocupam com o que vai
sair. A Francis tem essa qualidade e por isso volto a trabalhar com ela. É uma
pessoa bem sincera na sua pesquisa”.
Para Servius, “Rizomas” será especial
porque vai criar uma rede de artistas que “podem se ajudar, se acolher”.
“Manaus é uma cidade muito diferente de Marselha, mas as dificuldades são
parecidas. Assim como aqui se tem uma percepção da África, quando falo na
França que trabalho com artistas amazonenses que têm essa história de encontro
entre brancos, negros e índios, eles imaginam logo que são índios morando na
floresta. Mas na verdade são pessoas que tem somente uma história diferente”.
E completa: “É isso que quero
mostrar. Nós moramos longe uns dos outros, mas a vida é muito parecida. É
preciso ser capaz de se encontrar e se escutar, esquecer um pouco da própria
identidade para abraçar o outro. Serão três mulheres, três caminhos... mas
também não posso contar tudo, tem alguns segredos”, finalizou.
EXPERIÊNCIA
“A última residência e a estreia
serão em 2016, mas a investigação já está acontecendo, por isso o Patrick veio
fazer experimentos em Manaus, inclusive usando textos e falas”, explica Francis
Baiardi, que em outubro embarca para a ilha de La Réunion para a segunda etapa
do intercâmbio. Nessa viagem, a diretora da Contém Dança também apresentará o
seu solo “Dinahí”.
“Sou a mais velha das três
bailarinas, e isso para mim é um desafio. Aos quase 40 anos poder colocar meu
corpo em diálogo com mulheres de outras partes do mundo é um presente. É como
se eu renascesse para dançar com essa outra energia”, comenta.
Ela agora pretende correr atrás de
patrocínios para garantir que a residência final, com a presença de toda a
equipe, e a estreia aconteçam em Manaus. “Seria maravilhoso para a cidade ter
esse grupo de artistas internacionais por aqui, oferecendo workshops e
contribuindo para a dança contemporânea local”.
FONTE:http://acritica.uol.com.br/vida/Coreografo-espetaculo-participacao-bailarina-amazonenses_0_1328267186.html
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